sexta-feira, 1 de julho de 2011

Lágrimas do céu




Estava em meio a caixas e caixas, cheias de felicidade empacotadas, eu do lado de fora estava encolhida no chão, observando a beleza obscura da noite, a chuva caia lenta, sem pressa de tocar o chão, -um suicídio-, Os raio clareavam a escuridão, -e me atacavam . A vidraça de 3 metros de largura, era amedrontadora, como uma vitrine para que todos que passassem pela rua pudessem assistir minha angustia, mas a rua se encontrava solitária, apenas com os lamentos do vento. As gotas de lágrimas do céu, batiam agora com mais força na janela, estavam pedindo ajuda - assim como eu.
A luz do palco se ascendeu, e foi anunciada o começo da tragédia, - não era assim que se chamava o teatro grego? Herói trágico ?.
- O que esta fazendo?
Não respondi, isso mesmo com uma interrogação não era mesmo uma pergunta.
Me encolhi mais, abaixei o rosto para enxugar o sal do rosto.
- Vai para o quarto.
Ela falava, mas ainda não me encontrou em meio tantos disfarces de felicidade, era difícil encontrar a tristeza?
- Vá para o quarto agora. – parecia agora um pouco mais irritada.
- Tudo bem. – foi o que eu consegui responder, talvez ela sentiu em minha voz resíduos de melancolia -não tenho certeza .
Esperei um tempo ate ter certeza de que estava somente eu na sala. Levantei , meu quarto era quase feliz, uma incrível parede pintada de rosa choque, uma instante lotada de fantasias literárias, a maioria terminava com “Felizes para sempre”.
Mas não a minha.
Peguei meu diário, sabia que aquilo não era apropriado para uma garota de 14 anos. Mas era a única forma de me curar.
Rabisquei algumas palavras.
Não escrevia em prosa, não me sentia bem em expressar sentimentos fáceis e compreensíveis, sempre me tratei por “ela”, talvez por não gostar do que sou agora.
No criado mudo, a frágil luz do abajur, tentava iluminar aquele calabouço, eu tive vontade de matá-la, apenas por querer me consolar.Não tinha solução. Estava tudo perdido, assim como os meus sonhos, que tinham se perdido na ilha deserta dos pesadelos, e logo após foram comidos pelos canibais sem piedade, a
Realidade.

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